INICIAÇÃO NO TEMPLO DO CORAÇÃO

Era o dia mais importante de sua vida. Finalmente ele chegara às portas do coração espiritual. Era o momento da iniciação no verdadeiro templo, o lar do Eterno.

Ali, sem as máscaras e sem a indumentária arrogante do seu ego, ele seria provado intensamente…

Os mestres o esperavam em silêncio. Eram as testemunhas do seu renascimento.

Ele se lembrou do ensinamento chave que eles lhe haviam ensinado:

“O AMOR É A BASE DE TUDO!”

Em silêncio, ele agradeceu e entrou na câmara secreta do coração, o seu lar real.

Imediatamente, vários véus cinzentos foram projetados à sua frente, bloqueando sua passagem. Ele sabia que cada um deles era a expressão de sentimentos pesados e antigos acalentados com o fervor de Maya.

Sim, eles eram filhos de suas ilusões, o pedágio emocional de seus sentimentos mal resolvidos cobrando-lhe o preço na passagem do coração.

Então, ele lutou da única maneira possível: reconheceu os véus e com humildade pediu perdão ao coração.

Não havia ego em seu pedido, era puro e despojado, digno de quem reconhece os erros e procura melhorar.

Na caverna-anahata*, o iniciado chorou o pranto dos heróis que não temem a dor do renascimento… e suas lágrimas luminosas, filhas diretas do seu amadurecimento, dissolveram os véus e ele entrou no sol do Samadhi.

Ele agora era um alquimista completo, pois havia transformado o vil metal de suas antigas aspirações egoístas no ouro brilhante da consciência esclarecida e servidora dos bons propósitos.

A sua passagem pelo cadinho iniciático do coração encheu seu espírito daquela paz e contentamento que os homens ainda desconhecem.

Ele finalmente despertara dentro de si mesmo.

No céu de seu coração, os mestres o abençoaram e voaram com ele na Luz do Samadhi.

ELE ESTAVA EM PAZ! ELE ESTAVA EM CASA!

Ele sorria e pensava:

“O AMOR É A BASE DE TUDO!”

P.S.:

É nas luzes do templo do coração que o grande contato espiritual acontece.

A grande iniciação é interna e só os fortes de espírito conseguem passar por ela, pois são impulsionados pela disposição de dissolverem os sentimentos obscuros que corrompem a sua paz interior.

O mundo não sabe, mas os iniciados choram muito no silêncio do coração… e o mais legal é que suas lágrimas são luminosas e os mestres espirituais voam com eles.

(Esses escritos são dedicados a Toth, o Hermes Trismegistro, que, um dia, ensinou que “O inefável é invisível aos olhos da carne,mas é visível à inteligência e ao coracão!”)

– Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma.