VIVEKA CHUDA-MANI – A SUPREMA JOIA DO DISCERNIMENTO

Por Wagner Borges – www.ippb.org.br

(O Grande Voo Espiritual de Shankara*)

“Quando as brumas de suas ilusões se dissiparam…
No fluxo espiritual do seu despertar,
Você vislumbrou a consciência cósmica.

Com a Eterna Corrente do Eu à sua frente…
O seu ego capitulou, finalmente.
Rios de estrelas banharam os seus pés…
Enquanto o seu coração beijava o infinito.

Na Corrente do Eu, o seu personalismo se eclipsou.
E você exultou, como os rishis** de antanho.
Então, você submergiu nas ondas do Samadhi***.

Dentro do oceano de ananda**, você finalmente O viu…
E Ele lhe disse, “Em seu coração Eu estou!”
Ali, dentro da Grande Luz d´Ele, você sentiu o Amor Real.
Sim, mais do que nunca…

E você viu muitos outros, também na consciência cósmica.
E eles o saudaram como irmão de senda espiritual.
Eles o reconheceram. Eles também estavam felizes.
Ao longo dos eons e eons de tempo, eles chegaram em casa.
Era ali, no centro da imensidão, a Fonte Imanente de tudo.

Então, Ele ordenou a você que novamente descesse à Terra…
Para dizer aos homens de boa vontade que eles são muito amados.
E que a Eterna Corrente do Eu chama…
Para o colóquio com a Luz e o Amor Real.

E assim você fez… abrindo às pistas do infinito.
E o mundo conheceu o Viveka Chuda Mani”.

P.S.:
Essas foram as palavras de um rishi para Shankara.
Então, os homens de boa vontade finalmente souberam a grande verdade:
“Que Brahman*** é o fim da saudade do Amor!”

(Texto inspirado pelo Grupo Extrafísico dos Iniciados****)

Obs.: Finalizo esses escritos com um trechinho extraído da obra de Shankara:
“Há almas boas, tranquilas e magnânimas
Que, como a primavera, fazem bem a todos
E que, depois de haverem cruzado esse espantoso oceano
Do nascimento e da morte,
Ajudam outros a cruzá-lo também.
Tudo isso sem nenhum motivo particular,
Mas somente por sua própria natureza bondosa.”
(Peço aos leitores que, se possível, leiam o texto escutando isso aqui: Michael Hoppe- “Pastoral” – https://www.youtube.com/watch?v=qT1BUHEFw_A).
– Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
São Paulo, 12 de dezembro de 2017.

– Notas:
* Shankara – o célebre autor de um dos grandes clássicos do Hinduísmo, o livro “Viveka Chuda Mani” (“A Joia Suprema do Discernimento”); nasceu em Káladi, vilarejo do Malabar Ocidental, no Sul da Índia, por volta de 686 d.C.
Iogue, filósofo e poeta, era um prodígio acadêmico e dotado de rara didática para escrever sobre os temas do espírito. Foi um dos grandes iogues da Índia, e seu nome é evocativo do Deus Shiva, que é reverenciado com o epíteto de Shankara, o “doador de bênçãos”.
** Rishis – do sânscrito – sábios espirituais; mestres da velha Índia; mentores dos Upanishads.
* Samadhi – do sânscrito – expansão da consciência; estado de consciência cósmica.
** Ananda – do sânscrito – estado de bem-aventurança; êxtase espiritual.
*** Brahman – do sânscrito – O Supremo; O Grande Arquiteto Do Universo; Deus; O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência, além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-Lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele/Ela é Pai-Mãe de todos.
** Os Iniciados – grupo extrafísico de espíritos orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do presente. Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista. Estão ligados aos espíritos da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Segundo eles, são “iniciados” em fazer o bem, sem olhar a quem.
Obs.: Enquanto eu passava a limpo essas linhas, lembrei-me de mais um texto de Shankara. Trata-se de uma poderosa dose de discernimento em poucas linhas. Fala das ilusões e dos véus escuros que rondam o espírito do homem submergido nas provas do mundo. E evidencia a joia suprema que brilha no coração, como um farol de bem-aventurança na jornada do despertar da consciência.
Como eu gosto muito desse texto, deixo-o na sequência para todos os leitores. E, quem sabe, lendo-o, talvez outros corações se iluminem na mesma sintonia espiritual.
Sim, talvez o discernimento de seu conteúdo seja um espécie de remédio consciencial inspirado pelo Senhor Shiva ao sábio Shankara – para erradicação das tolices que todos nós carregamos em nossos egos.
Ah, quem sabe os caminhos que o Alto toma para curar a ignorância e a inércia consciencial da humanidade?
Quem sabe, algo mais?… Um Amor. Uma Luz.
Ou, como diria Shankara: “Quando a Joia do Supremo Discernimento brilha, desatam-se os nós do coração espiritual. E o que se vê é o Amor Real e a Luz do Senhor em tudo”. Segue-se o texto logo abaixo.

MOHA MUDGARAM – O FIM DA ILUSÃO

– Por Shankara –

Quem é a esposa? Quem é o filho?
Estranhos são os caminhos deste mundo.
Quem és tu? De onde vieste?

Vasta é a ignorância, meu bem-amado.
Medita, pois, sobre essas coisas e adora o Senhor.

Vê a loucura do Homem:
Na infância, ocupado com seus brinquedos,
Na juventude, seduzido pelo amor,
Na maturidade, curvado sob as preocupações.
E sempre negligente com o Senhor!

As horas voam, as estações passam, a vida se escoa,
Mas a brisa da esperança sopra continuamente em seu coração.
O nascimento traz a morte, a morte traz o renascimento:
Esse mal não necessita de prova.
Onde, pois, ó Homem, está a tua felicidade?

Esta vida tremula na balança
Qual orvalho numa folha de lótus –
Não obstante, o sábio pode nos mostrar, num instante,
Como atravessar esse mar de mudanças.

Quando o corpo se cobre de rugas, quando o cabelo encanece,
Quando as gengivas perdem os dentes, e o bordão do ancião
Vacila sob o seu peso como um caniço,
A taça do seu desejo ainda está cheia.

Teu filho pode trazer-te sofrimento,
Tua riqueza não te garante o céu:
Não te vanglories, pois, de tua riqueza,
Nem de tua família, nem de tua juventude –
Todas elas passam, todas hão de mudar.

Sabe isso e sê livre.
Entra na alegria do Senhor.
Não busques a paz nem a discórdia
Com amigos ou parentes.

Ó bem-amado, se queres alcançar a liberdade,
Sê igual em tudo.

(Texto extraído do livro “Viveka Chuda Mani” – A Joia do Supremo Discernimento* – Editora Pensamento.)

– Nota:
Viveka Chuda Mani – nome do célebre livro de Shankara.
Sua tradução literal é: Viveka, o discernimento espiritual; Chuda, suprema; e Mani, a joia”. Ou seja, “A Suprema Joia do Discernimento”.
E como a palavra Mani também significa a joia oculta no coração (o atman, a essência espiritual imperecível), pode-se traduzir o sentido real da obra de Shankara assim: “O Discernimento Supremo Que Mora na Joia do coração Espiritual”.
Resumindo: na verdade, além do nome do livro, trata-se de um poderoso mantra evocativo da atmosfera espiritual dos rishis (sábios) que inspiraram “Os Upanishads”, o trabalho de Shankara e os elevados valores conscienciais do Vedanta.

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