À procura da mulher bem resolvida

Wilson Bentos

À procura da mulher bem resolvida A mulher bem resolvida não anda por aí, dando sopa. É verdade. Porque mulher resolvida mesmo já resolveu tudo, inclusive com quem compartilhar o travesseiro. É independente, inteligente, bem sucedida e não é carente, já que para ser bem resolvida tem que começar resolvendo as coisas do coração. Mulheres que andam por aí, queixinho empinado e fazendo pose, não são bem resolvidas.

A mulher bem resolvida não posa, ela é. Já resolveu que pose não adianta; que cabeça dura não adianta, e fingir que não se emociona também não. Também já desistiu de debulhar lágrimas à toa, para tentar comover. Se fizer isso, é pessimamente resolvida. Houve quem achasse, na época do feminismo – que Deus o tenha ou que o Diabo o carregue – que mulher bem resolvida era aquela que se resolvia sem homem.

E, antes delas, houve aquelas que achavam que só se resolveriam com homem. Nenhuma das duas se resolveu. Mulher (assim como homem) precisa experimentar uma relação estável para se resolver, aprender a necessidade de trabalhar um relacionamento todos os dias, de conquistar o ser amado a cada segundo.

Mas não pode se render totalmente a ele. Acho que foi Kahlil Gibran quem disse que uma união a dois é como duas colunas, que só sustentam uma edificação porque se mantêm, ao mesmo tempo, juntas e separadas. A mulher bem resolvida sabe disso muito bem. Sabe que combinar diferenças é bom, lidar com antagonismos é bom.

É assim que a gente cresce e amadurece. Por isso, dentro de um relacionamento, ela se mantém íntegra fiel a si mesma, sem se desfigurar para agradar o outro. E, ao agir assim, a mulher bem resolvida acaba atraindo homens bem resolvidos, capazes de amar, se emocionar sem dar uma de durão ou virar chato pegajoso.

Os que não são bem resolvidos, assim você os reconhece, vivem oscilando de um extremo a outro, numa dança de bêbados. E nessa dança se agarram a outros na mesma situação e vão cambaleando pela vida. Sim, ser bem resolvida (o) não é ficar pulando de galho em galho para se fingir de moderna (o).

Quem é de todo mundo e não é de ninguém está longe de ser bem resolvido. Porque para ser bem resolvida é preciso ser capaz de se entregar, é preciso ter coragem de enfrentar os desafios que uma vida a dois impõem, de cultivar uma planta extremamente caprichosa chamada intimidade. Intimidade é um negócio que só floresce com o tempo, que exige zelo e cuidado de jardineiros fiéis, determinados, perseverantes.

Mulheres bem resolvidas – e os homens que as amam – sabem cultivar intimidade e sabem que ela não brota do acaso de uma paixão, mas exige um solo limpo, fértil e cultivado de um amor construído, tijolinho por tijolinho. Claro que ser bem resolvida; ou bem resolvido não é uma situação assim estável, pronto, acabou. No fundo, no fundo, somos todos seres em processo, works in progress, resolvendo-nos passo a passo, à medida que descobrimos nosso espaço no mundo e a melhor maneira de nos posicionarmos nele.

Todo mundo cai de vez em quando, inclusive os que chamamos de bem resolvidos. A diferença é que uns ficam sentados se descabelando a beira do caminho quando alguma coisa dá errado. E outros se levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima. Você conhece alguma mulher bem resolvida? Ah, então me dá o telefone dela! Não é por nada, não. Só amizade. É que às vezes faz uma falta enorme conversar com gente assim!

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