por Wagner Borges
Sentado no tapete vermelho do muladhara está um iogue chorando.
Ele tentou ascender a shakti, mas só acendeu o fogo do orgulho.
Ele queria obter os siddhis sagrados, mas foi despertado por sua própria ambição.
Ele almejava o samadhi, mas só encontrou um céu de arrogância em si mesmo.
Ele queria fazer uma viagem espiritual, mas estacionou na própria impotência.
Humilhado, ele se pergunta o porquê do fracasso.
Tanta disciplina e ascetismo não adiantaram, pois seu orgulho era maior.
Ele medita, mas até o prana foge ao seu controle.
Arrasado, ele ergue a mente e clama aos céus a solução de seu dilema.
Enquanto isso, a Mãe Divina observa-o ternamente.
Ela sabe que a derrota do iogue é sua verdadeira vitória.
Ele ainda não sabe disso, mas o tempo lhe ensinará que a Luz não obedece ao ego, somente ao Amor.
Quando ele arrefecer sua ambição e dobrar-se aos desígnios superiores, a shakti o impulsionará para cima alegremente…
Ela cantará com ele na viagem pelos nádis luminosos.
Ela o levará até o céu em seu coração e depois o guiará a cidade de Brahman no lótus das mil luzes.
Ela beijará seus sonhos e o ajudará nos caminhos da realidade.
Com humildade, ele sorrirá e abençoará o dia em que foi derrotado por si mesmo.
Ele saberá que o tempo todo a Mãe e ele eram um só!…
– Wagner Borges – mestre de nada e discípulo de coisa alguma.
– Notas:
Para facilitar a compreensão das expressões oriundas do sânscrito, deixo um pequeno glossário na sequência.
– Muladhara: nome pelo qual os iogues denominam o chacra da base da coluna.
– Shakti: força divina.
– Siddhis: poderes parapsíquicos.
– Samadhi: expansão da consciência; estado de consciência cósmica.
– Prana: sopro vital; força vital; energia.
– Nádis: condutos sutis de transporte energético.
– Brahman: o Supremo; O Absoluto; Deus; O Grande Arquiteto Do Universo; O Grande Espírito; O Todo que está em tudo!