E o cometa enfim apareceu! :) Não o mesmo cometa, mas que importa? É um cometa! Um lindo cometa! Miudinho a olho nu…difícil de enxergar, mesmo com binóculos…mais parece um fiapinho de algodão desfiado na pontinha de um alfinete…mas é ele! Está aqui! Vovô, está vendo?? Vovó, olha aqui! É o nosso cometa, que tanto queríamos ver!
(prezado leitor, peço licença para trazer Mel ao nosso tempo presente; nossa pequena voadora sonhou por muitos anos com este momento! Vamos trazê-la aqui, para ela viver essa emoção tão esperada!)
Como era mesmo a canção do cometa, mamãe? “Quem olha as estrelas sonha com o lado de lá…e vai deixando o corpo solto, fica mais leve que o ar! Como uma dança, mais do que voar!*” A canção de Astro Folias*! Canta comigo, mamãe! É assim, não é?
Voar era mesmo muito bom! Era muito divertido. E ver o cometa ali, tão lindo, tão miudinho e ao mesmo tempo tão majestoso, fez Mel se lembrar da sensação de voar pelas noites. A energia e as cores daquele amanhecer, a emoção de ver o cometa, a alegria daquele momento, as ótimas companhias, fizeram a pequena Mel sentir uma leveza e a felicidade de uma simplicidade que há muito tempo não sentia. Somos todos UM! Somos todos parte do mesmo Todo. Pedacinhos do todo, espalhados pelo universo e brilhando por aí. Pequenos cometas, que brilham, desbrilham, voltam a brilhar e desbrilham de novo; que, em algum momento, se desfazem, tornando-se pó estelar; que, em algum outro momento, se tornarão novamente algum ser estelar no universo físico.
“…você é bem mais livre e nem sente os pés no chão…se voa pelo espaço, leva o coração…*” continue a canção comigo, mamãe! Já se passaram tantos anos, mas ainda me lembro de quase toda a letra!
E Mel se sentiu parte do cometa, voando com ele; parte daquele céu colorido do amanhecer; parte daquelas cores da praia; parte das ondas do mar; parte de sua mãe; parte das pessoas que já caminhavam pela rua àquela hora da manhã e nem pareciam estar com sono; parte dos cachorrinhos que passeavam e faziam xixi no poste…parte até do xixi no poste! :P Somos parte de tudo, mamãe! Será que um dia eu já fui uma poeirinha de gelo na cauda de um cometa? E será que os habitantes de algum planeta viram esse cometa passar e acharam linda a cauda do cometa, sem nem imaginarem que uma das poeirinhas ali era eu??
E o cometa foi sumindo, conforme clareavam as cores do amanhecer. Mas ele continuou ali, brilhando no coraçãozinho de Mel, junto com todas as emoções, lembranças e transformações que esse breve encontro trouxe a ela. Mel não era mais a mesma; e iria voltar ao seu tempo, há quase 40 anos, levando a lembrança do encontro com o cometa. E levaria esse cometa brilhante de presente para quem precisasse dele.
*Astro Folias é um musical infantil de Antônio Adolfo, Chico Chaves e Paulinho Tapajós, com texto de Ana Luiza Job. O espetáculo apresentava as aventuras de duas crianças, Juca e Maria Rita, apaixonadas pelos mistérios do espaço e do astral, viajando pelo Sistema Solar e pelo espaço sideral, na companhia de estrelas, planetas e do cometa Halley. Inspirado pela passagem do cometa, foi apresentado no Teatro do Planetário do Rio de Janeiro, entre maio e junho de 1985.