Retirado do LIVRO LOUCURA E OBSESSÃO. Do autor Divaldo Pereira Franco
Comprovando que não existe Purismo Doutrinário no Mundo Espiritual
- Narra a visita do Dr, Bezerra de Menezes e André luiz, a um terreiro africano, aonde venerável espirito De uma senhora, se transmuta em entidade africana e continua seus trabalhos em auxilio ao filho encarnado ainda, mostrando, que apesar do TÃO COBRADO PURISMO DOUTRINÁRIO …,para o mundo espiritual, isso não importa, como dizia o CRISTO… NO MEU REINO HÁ MUITAS MORADAS
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- Os fatos que narram a situação no centro africano podem ver começam apartir da página 22…
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Antigo sacerdote era o protetor daquele Grupo
– Informada a respeito da visita de Miranda e Bezerra, a Entidade generosa determinara a um trabalhador espiritual que os recebesse, “fazendo as honras da Casa”. Aquela era uma noite reservada a consultas de pessoas estranhas ao trabalho. Portadores de obsessões graves eram trazidos ali para receber auxílio, ao lado de outros enfermos que eram tratados mediante recursos da flora medicinal, receitados por antigos indígenas que se dedicavam a esse mister. Diversos indivíduos vinham em busca de conselhos e orientações para problemas de comezinha importância, que, no entanto, os atormentavam.
Via-se, assim, que a generosidade e a solidariedade fraternal ali estavam presentes, servindo ao amor com doação total. Numa época de escassa abnegação entre os homens, cujo egoísmo enlouquece, serviços dessa natureza constituem providência superior que diminui os sofrimentos humanos, canalizando a esperança no rumo do bem. Miranda foi informado de que aquele grupo recebia o amparo superior de veneranda Entidade que envergara, na Terra, o hábito sacerdotal, notabilizando-se pela ação da caridade junto aos enfermos da alma e do corpo, de quem cuidara com exemplar devotamento, prosseguindo, no além-túmulo, a dar assistência, especialmente junto a Casas daquele gênero, que se multiplicavam na razão direta das crescentes necessidades humanas. Periodicamente, em data adrede estabelecida, ele vinha em pessoa visitar o trabalho, quando eram feitas avaliação e nova programação para as futuras atividades. Fazia mais de quinze anos que o Grupo se dedicava a esse labor, e as atividades de benemerência haviam promovido a equipe, que se libertava a pouco e pouco das práticas iniciais mais primitivas.
“Agora –esclareceu o informante — já se estudavam as lições d’ O Evangelho segundo o Espiritismo, de allanKardec, num esforço bem dirigido para moralizar e esclarecer os freqüentadores.”
(Loucura eObsessão, cap. 2, pp. 27 a 29.)
O amor é poderoso reagente para a equação dos problemas
– A introdução do estudo d’O Evangelho não se fez, porém, de forma pacífica. “Aos primeiros tentames — aditou o companheiro –houvera surgido um movimento de reação por alguns membros mais embrutecidos, inspirados pelos seus mentores que se aferravam às práticas mais grotescas, fiéis ao atavismo ancestral. Marcados por antigos rancores, dos quais não se haviam libertado, intentaram impedir a implantação da ideia nova, afirmando a desnecessidade da cultura, que não passava de capricho de brancos demagogos
É que se não olvidaram das perseguições que sofreram por parte de pessoas que se afirmavam cristãs e que no Evangelho se diziam apoiar. A inspiração do Benfeitor e a firme resolução de Antenor encerraram as discussões em contrário, abrindo espaço para a evangelização de uns como de outros, encarnados ou despojados da matéria. A partir de então o clima psíquico daquela agremiação modificara-se para melhor, atraindo novos cooperadores desencarnados, que se afeiçoavam à tarefa de moralização dos homens”. No momento em que era trazido para o pequeno compartimento o primeiro consulente, deu entrada no recinto uma senhora desencarnada de aspecto agradável, que saudou Dr. Bezerra com efusão. Era a senhora Anita, que acolheu a ambos os visitantes com visível expressão de afeto espontâneo e asseverou: “É-nos muito grato receber novos amigos. Nossa Casa é um laboratório vivo de experiências humanas, onde o amor é o poderoso reagente para a equação dos problemas que nos chegam”.
Anita fora mãe adotiva de Antenor e, agora, dedicava-se à tarefa de sindicar, numa primeira análise, quais os problemas que afligiam os visitantes, ouvindo os seus acompanhantes e informando-se dos seusinfortúnios. Em seguida, de acordo com a problemática de cada um, tomava as providências iniciais, destacando cooperadores para auxiliá-los.
(Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 29 a 31.)
. O merecimento e o esforço pessoal são essenciais a quem busca socorro
– Após ouvir Dr.Bezerra dizer que são as próprias criaturas encarnadas que se afastam da proteção que lhes é ministrada, gerando campo vibratório que dificulta a captação dessa ajuda, visto que os bons Espíritos jamais abandonam os seus pupilos, a senhora Anita adiu: “Utilizamo-nos de Espíritos ainda vinculados às vibrações materiais, que, apesar de pouco conhecimento, anelam por servir e crescer na direção do bem.
A sua presença ao lado dos encarnados evita ou dificulta que os comensais psíquicos habituais – exceto nos casos de obsessão — retornem à ação deletéria ou prossigam no intercurso da perturbação. Como é compreensível, diversos obsessores e Espíritos perversos respeitam algumas práticas e rituais, como consequência da ignorância das leis universais, cedendo espaço à ação renovadora das suas vítimas.
É claro que, em todos os empreendimentos de beneficência e socorro ter-se-ão sempre em vista os fatores do merecimento quanto do esforço pessoal, porquanto, não havendo privilégios que distingam as criaturas, funciona, acima de tudo, a justiça, atenuada pela misericórdia do amor”.
Dito isto, seguiu-se o atendimento da primeira consulente, que adentrou o recinto bastante nervosa e envolta em uma nuvem escura, resultado das idéias cultivadas e do intercâmbio psíquico mantido com os comensaisdesencarnados que a acompanhavam. Alguns deles entraram com ela na saleta, onde a aguardava a mentora. Utilizando-se de linguagem típica, na qual se faziam presentes muitos chavões africanistas, esta saudou a visitante, deixando-a à vontade para a entrevista. Sem delonga, a consulente foi direto ao assunto, dizendo-se disposta a pagar o que fosse necessário. “Estou informada — prosseguiu a mulher, com empáfia — das necessidades desta Casa e posso oferecer ajuda monetária, desde que tenha atendida a minha pretensão.”
(Loucura e Obsessão, cap. 2, pp. 31 e 32; e cap. 3, pág. 33.)
Um caso de obsessão vampirizadora
– Como a mentora permanecesse calada, a consulente expôs o seu pedido: “Desejo solução num caso de amor, que ora responde pela minha vida. Será vitória ou desgraça, a minha ou outra vida, porquanto não tenho forças para prosseguir conforme está ocorrendo. Tive a desdita de apaixonar-me por um homem casado. Pior do que isso: que diz amar a esposa e filhos, e que é feliz no lar… A dificuldade de tomá-lo para mim me enlouquece. Tentei o impossível e o infame me despreza, atirando-me na face o amor que devota à minha rival. Desejo um
Trabalho que o afaste da outra e conceda-me a vitória; para tanto, darei a alma ao demônio, se necessário, pois que, sem esta vitória, a loucura ou o crime serão as minhas únicas alternativas, matando-me ou levando-me a matá-la…”
Mal acabou de falar, a mulher prorrompeu em violento pranto. Miranda viu, então, que dois seres perversos lhe dominavam o comportamento quase por inteiro.
Um deles, de aspecto repelente pela vulgaridade em que se apresentava, excitava-lhe o desejo, comprimindo-lhe, habilmente, certa região do aparelho genésico, enquanto o outro lhe transmitiaclichês mentais, muito bem elaborados, em que ela se via nos braços do eleito, sendo expulsa pela esposa que lhe surgia bruscamente… A pobre mulher debatia-se em sofreguidão entre as duas sensações, de lubricidade e de frustração, entregando-se ao tresvario…
Dr. Bezerra esclareceu: “A nossa irmã está enferma da alma. Além disso, padece de estranha e grave obsessão vampirizadora, que lhe exaure as energias, despedaçando-lhe os nervos. Envolvamo-la em vibrações de afeto e de piedade, aguardando as providências iniciais que serão tomadas aqui”. A dirigente espiritual do trabalho ergueu, então, o médium e pôs a destra sobre a cabeça da infeliz mulher. Após descarregar-lhe energias refazedoras e interromper a compressão perturbadora que lhe impunha o vulgar perseguidor, conseguiu, também, através da aplicação correta de bionergia nos centros coronário e cerebral, diluir as ideoplastias que o outro fomentava, transmitindo um pouco de renovação à enferma que, momentaneamente livre das influências terríveis, por pouco não foi acometida por um vágado.
(Loucura e Obsessão, cap. 3, pp. 34 e 35.)
Somente lobos caem em armadilhas para lobos
– Concluída esta primeira operação, a hábil orientadora falou, no linguajar próprio: “O seu problema tem solução fácil, que está em você mesma… Não é a esposa do seu namorado uma rival de sua pessoa, antes, você é a serpente que lhe ronda o ninho, preparando-se para destruí-lo. O homem honesto, que não a ama, age bem e merece respeito, não sujeição psíquica ou constrição perturbadora, a fim de atender-lhe a um capricho de mulher alucinada, que perdeu o rumo…” “O dinheiro não compra tudo” — prosseguiu no mesmo tom. “Embora auxilie na aquisição de alguns bens e responda pela solução de várias dificuldades, quase sempre, mal utilizado, é causa de desditas e misérias que se arrastam por séculos, naquele que o malversa como nas suas vítimas. Aquilo que você denomina amor, é paixão selvagem, capricho, que decorre do não conseguido, que logo perde o valor depois da posse breve. Além disso, ninguém pertence a outrem; todos são instrumentos da Vida, em viagem longa de crescimento para Deus… As ações geram reações semelhantes e sempre produzem choque de retorno . O mal que pretende contra essa família não a atingirá, porquanto as suas vítimas em potencial estão ligadas ao bem, possuem o hábito salutar da prece, que as resguarda das perturbações nefastas. São cumpridoras dos deveres que abraçam, vibrando, emocionalmente, em faixa superior, que as protege das agressões selvagens que você lhes desfere através dos petardos venenosos do ódio.
Nenhum trabalho maléfico afetará a estrutura doméstica dessas criaturas, porque a sombra não afugenta a luz, nem o crime se apresenta com cidadania legal diante da honradez.
Somente lobos caem em armadilhas para lobos , afirma o refrão popular.” Depois de breve silêncio, cujo objetivo era permitir à ouvinte apreender todo o conteúdo do ensinamento, a mentora completou:
“O seu problema, real e grave, é a falta de discernimento a respeito de como comportar-se diante das lutas, para conseguir a paz. A primeira regra que deve ter em mente é:
Nunca fazer aos outros o que não desejar para si mesma , conforme ensinou Jesus, e procurar, como efeito, realizar todo o bem possível em favor do seu próximo, de modo que o bem, por sua vez, passe a fazer parte da sua existência, como um fenômeno natural e transformador. Isto a ajudará a não ambicionar o que não tem direito e a saber receber o que lhe é de melhor para o seu progresso espiritual e eterno. Posteriormente, você necessitará de um tratamento desobsessivo, a fim de libertar-se da parceria degradante a que tem feito jus e que a vem explorando nos seus mais caros sentimentos de criatura humana e especialmente de mulher que anela por um esposo e um lar, que Deus lhe concederá, oportunamente, porém em outras bases de amor e de equilíbrio. Comecemos, agora, a fazer o trabalho solicitado, não conforme você veio buscar, mas de acordo com a sua necessidade de urgência”.
(Loucura e Obsessão, cap. 3, pp. 35 a 37.)
Entre nós, discute-se muito e realiza-se pouco
– Dito isto, a Entidade doutrinou o Espírito vampirizador da área sexual da paciente, incorporado em outro médium que lhe assessorava o labor. A ação fora totalmente inusitada para Miranda. Certo, as elucidações apresentadas à consulente, apesar da linguagem forte, estavam perfeitamente concordes com os códigos da Doutrina Espírita e seguiam alinha do pensamento evangélico, estabelecendo uma psicoterapia de alto valor para a enferma. A técnica5 do atendimento ao desencarnado, as beberagens e banhos, receitados como complementação, fugiram, porém, às diretrizes adotadas no Espiritismo. Dr. Bezerra, vendo a surpresa de Miranda, esclareceu:
“Consideremos a Terra de hoje um campo de batalha, no qual a dor campeia desenfreada e as emergências se multiplicam, no que tange às áreas de socorro.
Como há escassez de médicos e hospitais especializados, os pacientes são atendidos conforme as possibilidades ambientais. Enquanto os poucos médicos realizam cirurgias impostergáveis, enfermeiros e auxiliares, em ambulatórios improvisados, dão atendimento aos casos de menor gravidade ou mesmo aos que não podem ser removidos, até posterior solução mais adequada…” Transferindo a questão para a área espiritual, lembrou Dr. Bezerra que nas várias escolas do Espiritualismo e mesmo do Espiritismo são escassos os homens dispostos ao serviço da verdadeira fraternidade e da caridade em ação libertadora. “Discute-se muito e realiza-se pouco. Perde-se largo tempo em verbalismo inoperante, em detrimento da iluminação e do esclarecimento de consciências”, acentuou o Mentor, aditando: “Nenhuma censura, porém, de nossa parte. A citação é para ilustrar que, enquanto muitos discutem como distribuir víveres, em banquetes faustosos, numa época de fome, milhares morrem por total escassez de alimentos. É o que sucede neste setor espiritual”. Dr.Bezerra lembrou, ainda, que Kardec e a experiência demonstraram a ineficácia de certas práticas fetichistas.
(O autor transcreveu, neste ponto, os itens 551 e 553 d’O Livro dos Espíritos.)
“Como a morte não muda a ninguém — asseverou Dr. Bezerra –, sabemos que aqueles que conviviam com determinados cultos a que se afervoravam ou cujas práticas temiam mais do que respeitavam, ante a desencarnação não alteraram a forma íntima do ser, permanecendo vinculados aos atavismos que lhes dizem respeito. Católicos, protestantes e outros religiosos, após a morte, não se tornam espiritistas ou conhecedores da realidade ultra tumular; ao revés, dão curso aos seus credos, reunindo-se em grupos e igrejas afins.”
(Loucura e Obsessão, cap. 3, pp. 38 a 40.)
A flora medicinal foi a grande protetora dos nossos avoengos
– Com as explicações dadas por Dr. Bezerra de Menezes, entende-se perfeitamente que os indivíduos originados das crenças derivadas do sincretismo afro-brasileiro continuem ligados às suas ideações religiosas. Miranda inquiriu-o, contudo, quanto aos banhos e beberagens receitados, e o nobre Mentor respondeu:
“A água, em face da sua constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bionergia que lhe é ministrada. Quando magnetizada e ingerida, produz efeitos orgânicos compatíveis com o fluido de que se faz portadora. Assim, é crença ancestral que os banhos teriam o efeito de retirar energias deletérias que os poros eliminam, e quando a água recebesse a infusão de ervas aromáticas e medicinais propiciaria bem-estar, revitalizaria o campo vibratório do indivíduo. Sabemos, no entanto, que mais importante do que quaisquer práticas e ritualismos externos, a ação interior, mental, comportamental responde pela realidade psíquica do homem e opera a sua legítima recuperação”. “No que tange às beberagens, algumas destituídas dos cuidados que requer qualquer produto para ser ingerido, não podemos ignorar o valor da fitoterapia, de resultados excelentes em inúmeros problemas de saúde”, acrescentou o mentor.
“As medicinas alternativas que estão encontrando consideração, mesmo entre os estudiosos mais ortodoxos, resultam de larga experiência humana e de diversas delas nasceram o que ora consideramos científico, acadêmico. A flora medicinal foi a grande protetora dos nossos avoengos que nelaencontraram recursos saudáveis para muitos dos males que os afligiam e, posteriormente, submetida à ação dos laboratórios, dela extraíram incontáveis substâncias de ação rápida e eficaz.”
Nesse momento, Miranda percebeu que o atendimento chegara ao fim e a consulente, embora entristecida, sem a revolta inicial, conduzia a salutar indução do conselho, sem a companhia dos seus exploradores espirituais, que haviam sido convidados a permanecer no recinto. ( Loucura e Obsessão, cap. 3, pp. 40 e 41.)
1. Distúrbios do sexo com raízes no passado
– O próximo consulente trazia o semblante sulcado por funda marca de dor. Vinha rogar auxílio para conseguir um emprego, que lhe desse segurança e apoio para o lar. Estava em aflição e sentia-se fracassado, sem saber o que fazer. A mensageira, após ouvi-lo, exortou-o à renovação e ao entusiasmo, aconselhando-o à perseverança e confiança em Deus. Falou-lhe da genitora desencarnada, que o conduzira até ali, na condição de perene anjo da guarda, buscando assim dissuadi-lo das ideias deprimentes que o assaltavam. O homem, surpreendido com a feliz informação, comoveu-se, recordando-se daquela que lhe fora uma luz acesa naexistência, que a morte lhe havia arrebatado e a vida agora lhe devolvia. Aplicados recursosrestauradores, ele saiu com novas disposições e de alma renovada, agradecendo a Deus. A seguir, uma jovem senhora queixou-se de distúrbio sexual, de fluente da frigidez que a atormentava e estava a destruir-lhe o lar. Amava o esposo, que estava a perder , em razão do desconforto que experimentava por ocasião do conúbio sexual. A caridosa mensageira confortou-a, a princípio, auxiliando-a a fazer um relax,e infundiu-lhe confiança na misericórdia de Deus, que de ninguém se esquece. Discorreu sobre suas longas vigílias noturnas, demonstrando conhecer-lhe o drama, seus temores, suas lágrimas e as discussões que se vinham agravando nos últimos tempos, através das quais ambos os cônjuges se magoavam, por falta de um diálogo sincero, amigo, honesto… Explicou, depois, que seu distúrbio se originava de comportamento infeliz que mantivera em existência anterior, quando se deixara seduzir pelo noivo e fora levada a um aborto criminoso. Após outros deslizes morais, recolhera-se à vida religiosa, na qual, por mágoa do mundo, passara a ter uma conduta de castidade, detestando o sexo e submetendo-se a rudes cilícios entre pensamentos de ódio e revolta que lhe perturbaram a função genésica. Moça atraente, terminou por perturbar o leve equilíbrio de seu confessor, culminando por enredarem-se ambos num escândalo, então abafado. Ele foi transferido de cidade, enquanto ela se deixou consumir pelo horror, numa atitude contemplativa, na qual a mente, fixada à desdita, gerou a disfunção ora apresentada. Reencarnando-se, reencontrou o antigo religioso para, no matrimônio, se reajustarem, ao lado dos filhos, um dos quais ela expulsara antes… Cabia-lhe, pois, reeducar a mente, receber assistência fluidoterápica, orar e renovar-se, a fim de, com o auxílio do tempo, recompor a situação. A jovem senhora, devidamente informada e com perspectivas de paz, retirou-se, então, comovida. Chegara a vez de Dona Catarina Viana, mãe de Carlos, a senhora a quem Dr. Bezerra e Miranda acompanhavam.
(Loucura e Obsessão, cap. 3, pp. 41 a 43.)
Glossário Catatonia
– Tipo de esquizofrenia caracterizado por períodos de negativismo, excitação e atitudes ou atividades estereotipadas.
Dr. Bezerra diz que o problema de Carlos remonta à sua anterior encarnação
– Na sala contígua àquela onde d. Catarina Viana, mãe de Carlos, começava a ser atendida, o culto continuava, ao som das palmas e dos instrumentos de percussão, e as comunicações mediúnicas prosseguiam ruidosas, incessantes. Estimulada a narrar seu problema, a viúva disse ser católica e, por isso, informou quer receava estar pecando. A Entidade espiritual observou, afável: “Deus é o Pai Criador e está presente em todos os setores da Sua criação. Do contrário, não seria onipresente, conforme declaram todas as crenças religiosas. O pecado tem origem no mal que se pratica, jamais no bem que se busca. Esteja, desse modo ,tranqüila, e prossigamos”. D. Catarina explicou então que viera ali por causa de seu filho Carlos, portador, segundo os médicos, de uma doença denominada esquizofrenia catatônica, considerada incurável. “Criança boa, sempre foi triste o meu filho único”, esclareceu a consulente. “Notei-lhe alguns sinais estranhos, por ocasião da puberdade, isolando-se dos amigos e mais se tornando silencioso. A princípio acreditei que melhorasse com o tempo. No entanto, o seu rendimento escolar foi decrescendo, a ponto de desinteressar-se pelos estudos, quase que totalmente. Com a morte do pai o caso se agravou e, embora a assistência médica cuidadosa a que foi submetido desde os primeiros sintomas, encontra-se hoje desenganado em deplorável condição.” Naquele momento, penetraram na sala dois enfermeiros trazendo Carlos em estado de sono e seu pai desencarnado. Examinando o paciente, Dr. Bezerra de Menezes afirmou que o diagnóstico médico era exato, embora luzisse uma esperança com que o Amor sempre defere os requerimentos das almas necessitadas. Em breves palavras, ele explicou à mentora do grupo o que se passava, remontando à última encarnação do rapaz, quando a arbitrariedade e o despudor levaram-no ao desregramento e ao abuso da transitória autoridade de que desfrutava, perturbando a paz de muitas pessoas e chafurdando no abuso do sexo. Reencarnando, manteve a consciência de culpa, autopunindo-se, mediante perturbação na área da afetividade e conflitos outros no trânsito da adolescência, quando lhe ficaram impressos os graves delitos que agora expungia.
(Loucura e Obsessão,cap. 4, pp. 44 a 46.)
A dor e o sofrimento resultam dos acidentes comportamentais
– Dr. Bezerra acrescentou que, adicionando-se à auto-reparação que a consciência culpada lhe impunha, alguns adversários espirituais se lhe vinculavam, como cobradores impenitentes, em particular uma jovem negra de aspecto feroz, sedenta de vingança. Referidos adversários, sabendo que Carlos fora conduzido àquele local, chegaram empós, facilitando uma anamnese espiritual mais completa. O genitor abraçou a esposa, que lhe percebeu a presença, de forma intuitiva e como decorrência do bem-estar e tranquilidade que adominaram.
Inteirada do problema espiritual do enfermo, a orientadora desencarnada filtrou ainformação recebida, transmitindo somente o que a cliente podia assimilar. Como D. Catarina se apressasse a dizer que seu filho nada fizera que justificasse seu sofrimento, a Entidade explicou:
“Certamente que não o fez na atual existência corporal. O homem, porém, não realiza apenas uma experiência física, no seu processo de evolução. Etapa a etapa, o Espírito cresce, adquirindo sabedoria, como um aluno diligente, classe a classe, conquista conhecimentos.
O tempo sem fim da Eternidade não é vencido de um salto. Assim, lentamente, todos nós, pelo processo da reencarnação, adquirimos os valores de enobrecimento que um dia nos tornarão ditosos. A dor e o sofrimento resultam dos acidentes comportamentais, quando o homem exorbita do livre-arbítrio e faz-se verdugo de si mesmo, visto que, agindo erradamente, impõe-se a ele a necessidade da reparação e da reconquista do tempo mal baratado no erro…”
Na sequência, a orientadora aludiu ao Espiritismo, o Espírito Consolador enviado por Jesus, aduzindo: “Quando se entender a missão verdadeira do Espiritismo, mudar-se-ão as paisagens morais, sociais e evolutivas do Planeta, graças à transformação dos seus habitantes para melhor”.
Dito isso, a orientadora explicou que seriam providenciados alguns trabalhos, que eram ali denominados dedesobsessão, em favor de Carlos, com o objetivo de remover os fatores mais perniciosos que lhe pesavam na economia moral, passando depois a outros processos de reparação necessários. “Hoje ele receberá o primeiro concurso dessa natureza, iniciando-se o esforço em seu favor, cujos resultados só o Pai de misericórdia pode prever. A nós nos cumpre tentar sempre, ajudando sem cessar.”
(Loucura e Obsessão,cap. 4, pp. 46 a 48.)
A esquizofrenia é uma afecção fisiógena, com superestrutura psicógena
– Ato contínuo, a Entidade estabeleceu um programa-roteiro que d. Catarina deveria atender, ali retornando nos dias assinalados, até quando Carlos estivesse em condições de igualmente vir. Exultante com as orientações recebidas, a mãe de Carlos retirou-se, enquanto Dr. Bezerra envolvia o enfermo em fluidos de restauração de energias, aprofundando-lhe o sono, de modo que não sofresse a constante agressão que lhe era infligida pelos inimigos desencarnados que o surpreendiam nos desprendimentos parciais, especialmente pela mulher, acusadora e vingativa. Em seguida, Carlos foi reconduzido ao lar. Mirandaaproveitou o ensejo para perguntar a Dr. Bezerra se havia no rapaz algum fator orgânico querespondesse pelo quadro de esquizofrenia, além dos fatores espirituais já mencionados.
“Sem dúvida”, respondeu-lhe o mentor. “Como sabemos, a esquizofrenia é enfermidade muito complexa, nos estudos da saúde mental. As pesquisas psiquiátricas, psicanalíticas e neurológicas têm projetado grande luz às terapêuticas de melhores resultados nas vítimas dessa terrível alienação. No entanto, há ainda muito campo a desbravar, em razão de as suas origens profundas se encontrarem ínsitas no Espírito que delinque. A consciência individual, representando, de algum modo, a Cósmica, não se poupa, quando se descobre em delito, após a liberação da forma física, engendrando mecanismos de auto-reparação ou que lhe são impostos pelos sofrimentos advindos da estância do além-túmulo.
Afetando o equilíbrio da energia espiritual que constitui o ser eterno, a consciência individual imprime, nas engrenagens do perispírito, os remorsos e turbações, os recalques e conflitos que perturbarão os centros do sistema nervoso e cerebral, bem como os seus equipamentos mais delicados, mediante altas cargas de emoção descontrolada, que lhe danificam o complexo orgânico e emocional.
Noutras vezes, desejando fugir à sanha dos inimigos, o Espírito busca o corpo como um refúgio, no qual se esconde, bloqueando os centros da lucidez e da afetividade, que respondem como indiferença e insensibilidade no paciente de tal natureza.” Dr. Bezerra acrescentou que foiEugênio Bleuler, sem demérito para os demais pesquisadores das alienações mentais, quem mais penetrou nas causas da esquizofrenia, do ponto de vista científico, concluindo que a mesma é “uma afecção fisiógena, mas com ampla superestrutura psicógena”.
Nessa estrutura psicógena situam-se os fatores cármicos, de procedência anterior ao berço,que pesam na consciência culpada…
(Loucura e Obsessão, cap. 4, pp. 48 e 49.