Wagner BORGES – www.ippb.org.br
Jesus era lindo como uma manhã ensolarada.
Como um pedacinho do céu entre os homens.
Veio de forma simples e generosa, no seu natural.
Ele calçava sandálias, mas deixava pegadas de estrelas.
Seu sorriso era franco e seu olhar tinha o brilho do Espírito.
Mais do que na aparência, Ele olhava o coração dos homens.
Ele via a luz de cada um, sem máscaras, em espírito e verdade.
E tudo compreendia. A todos amava. As crianças e os animais o adoravam.
E, Ele mesmo, parecia uma criança, sem malícia, e cheio de lindos sonhos.
Ah, Ele gostava de tomar banho de chuva e brincar com os espíritos da natureza.
O vento o atendia, e Ele girava, dançando e cantando na língua dos devas.
E quem diria que ali estava um pedacinho do céu em forma de homem?
E como Ele aguentava tanto amor em seu coração?
Ah, poeta! Você, com seus grandes olhos, pode me ensinar sobre isso?
Você, que tanto amou, e enxergou na noite o que poucos viram.
Sei que palavras não dizem muito disso, por isso olho em seus olhos.
Mesmo em planos diferentes, eu vejo você, pois também enxergo na noite.
E em seu olhar, eu vejo o d’Ele, olhando a nós dois, no mesmo amor.
E o pó de estrelas cai entre nós, por obra e graça d’Ele…
E os homens não veem; muitos choram, por dentro, perdidos na noite das ilusões.
E aqui, no centro da noite, o doce olhar d’Ele é sarça ardente em nós.
E eu não sei mais o que dizer, meu amigo. Só vejo os seus olhos brilhando na noite…
E o olhar d’Ele no seu, no silêncio que diz tudo, dentro do coração.
Ah, poeta, grande místico! O amor fez os seus olhos se tornarem sóis.
E eu, aqui na Terra, vejo o seu brilho por entre os planos, por obra e graça d’Ele.
E o olhar d’Ele no seu, no silêncio que diz tudo, dentro do coração.
O pó de estrelas cai… E eu escrevo. E meus pensamentos abraçam o mundo, por Ele.
Pois eu vejo na noite… O olhar d’Ele no seu olhar e, agora, também no meu.
E tudo vira pó de estrelas… Sim, homens e espíritos, tudo pó de estrelas, d’Ele.
E, talvez, só os lírios do campo é que compreendam isso…
Quando o olhar de Jesus desce sobre o olhar do homem, tudo muda!
A noite escura vira sol e o grande poeta ri, por entre os planos.
E nós nos olhamos, e só vemos o olhar do Rabi, rindo junto e dizendo, mais uma vez:
“Olhai os lírios do campo…”
P.S.:
Ah, poeta! Meu lar virou sol da meia-noite.
O Fogo do Espírito desceu aqui; e eu sou apenas betume.
Você passou silenciosamente por isso, tantas vezes… E, agora, é a minha vez.
Então, me diga: “Como um pequeno betume aguenta um Grande Amor em seu coração?
E que fogo é esse, que arde sem abrasar e faz pensar no Todo que está em tudo?”
E, se as palavras não dizem muito sobre isso, então, deixe-me apenas olhar em seus olhos, de espírito a espírito, para aprender sobre a arte de olhar a vida com o olhar de Jesus, e ver o Divino em cada ser.
(Dedicado a Khalil Gibran*).
– Wagner Borges – betume no fogo do espírito.
São Paulo, 08 de novembro de 2008.
– Nota:
* Khalil Gibran (1883-1931) – ensaísta filosófico, romancista, poeta e pintor americano de origem libanesa, Gibran – cujo nome completo em árabe era Jubran Khalil Jubran – produziu uma obra literária marcada pelo misticismo oriental, que alcançou popularidade em todo o mundo. Suas obras mais conhecidas são: “O Profeta” e “Jesus – O Filho do Homem”.