ÉTICA, ACOLHIMENTO E RESPEITO: FUNDAMENTOS PARA ENSINAR, DISCIPLINAR E SER PEDAGÓGICO EM PRÁTICAS ESPIRITUAIS E NÃO ESPIRITUAIS

O espiritismo ou espiritualismo não precisam de defensores, precisam de verdadeiros homens e mulheres integrais com menos crenças que os limitam à essência humana e à sua natureza espiritual.

Recentemente, recebi uma imagem acompanhada de deboches, risadinhas e ironias, contendo algumas frases soltas de fóruns de colegas que combatem práticas em seus grupos espíritas kardecistas mais ortodoxos. Para minha surpresa, até espiritualistas mal-informados, que têm o hábito de aceitar qualquer argumentação fraca, estavam entre os que faziam tais comentários. Após abordar questões óbvias sobre as práticas espíritas conforme a doutrina de Kardec, incluíram uma mensagem complementar, generalista, que faz sentido em relação ao espiritismo clássico de Kardec. No entanto, acoplaram outra imagem descontextualizada, contendo uma lista de terapias com um título montado na imagem.

Essa lista desconsidera terapias que não têm relação direta com os espíritos ou espiritualismo, mas sim com ações terapêuticas, algumas até respeitadas, como a Cromoterapia, Constelação Familiar e Reiki.

Desserviço
Desserviço

É preciso esclarecer, e se a má conduta não contextualiza, sou forçado a contextualizar e separar os temas com profissionalismo e ética.

O Reiki é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2007 como auxiliar no tratamento da dor.

Em 2017, foi introduzido na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) do Ministério da Saúde, sendo oferecido no Sistema Único de Saúde (SUS).

Desde 1976, a Cromoterapia é reconhecida pela OMS como uma das principais terapias complementares. No âmbito hospitalar, essa abordagem tem se mostrado eficaz na promoção do bem-estar, proporcionando benefícios significativos aos pacientes hospitalizados.

A Constelação Familiar é definida pelo Ministério da Saúde como “uma técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família”.

Segundo a OMS, são consideradas terapias implementadas nos programas oficiais desde 1976 e ratificadas em 1983: Acupuntura, Moxabustão, Shiatsuterapias, Auriculoterapia, Terapia Ortomolecular, Terapia Antroposófica, Neuropatia, Quiropatia, Osteopatia, Terapia Quântica, Cromoterapia, Terapia Ayurvédica, Terapia Floral, Aromaterapia, Terapia do Toque (Reiki), Magnetoterapia, Reflexologia, Psicoterapia, Terapias Psicossomáticas, Terapia através da Hipnose, Terapias através da Meditação, Terapia da Respiração, Iridologia, Terapia Reichiana, Bioenergética, Massoterapia, Tai Chi Chuan, Qi Gong, Chi Kun, entre outras.

Novas atividades como Ioga, Musicoterapia, Trofoterapia, Cromoradiestesia, Radiestesia, Trofoterapia e Geoterapia também estão sendo consideradas para inclusão e regulamentação.

Em um passado não muito distante, as terapias não se encaixavam nas práticas da medicina oficial e eram chamadas de “alternativas”, pois representavam uma alternativa aos tratamentos tradicionais. Contudo, desde meados da década de 1970, e mais acentuadamente a partir da década de 2000, esse termo caiu em desuso. A OMS e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) compreendem que essas práticas são integrativas e naturais, e não alternativas.

Dessa forma, geram uma credibilidade maior à Terapia Holística, que inclusive foi incluída no Sistema Único de Saúde (SUS) devido à sua eficácia. O Brasil está caminhando a passos largos para a utilização das práticas integrativas, que geram prevenção, economia para os cofres públicos, sustentabilidade e uma maior qualidade de vida e longevidade.

No Brasil, a portaria 971/2006 do Ministério da Saúde criou um programa de inserção das terapias naturais no sistema de saúde brasileiro. Essa iniciativa deu cumprimento à determinação da política e estratégias para a saúde dos países signatários emitida pela OMS e pela Convenção de Alma-Ata, no Cazaquistão.

Certamente, é importante considerar que, no Brasil, o assunto é regido apenas por profissionais de saúde ocidentais e que ainda não foi criada uma câmara mista multiprofissional com a inclusão dos terapeutas para debater o assunto e fazer com que o projeto avance.

Percebe-se de pronto que as terapias naturais no Sistema Único de Saúde continuam nas mãos dos tecnólogos da saúde; o povo e os terapeutas ainda não foram convidados para o marco regulador desta estratégia, estando o processo muito distante da proposta da OMS.

Retornando à imagem e às frases discriminatórias de certos movimentos que se autointitulam “núcleo duro do espiritismo kardecista”, como a imagem que recebi anexa, sem contextualização, essa conduta é lastimável, mesquinha, discriminatória, arrogante e vai contra tudo o que um bom espírita ou espiritualista deveria praticar.

Manipular informações e narrativas sob uma visão distorcida sobre a vida e as relações mais humanizadas é inadmissível.

Não é preciso inserir nenhuma alternativa ao estudo e às práticas espíritas, porque o espiritismo está consolidado, mas manipular informações e incluir uma lista como se tudo fosse o mesmo é uma intenção maligna e perversa.

Isso é especialmente prejudicial para aqueles que não conhecem a própria doutrina espírita, as terapias sérias (sem relação ao espírito) e os demais trabalhos profissionais, e/ou não compreendem para qual contexto “não espiritual” cada serviço estaria adequado ao correto movimento, grupo ou práticas de quem os oferece.

Além disso, essa mensagem distorce fatos ao abordar a questão das rifas, insinuando que a prática é associada ao espiritismo ou espiritualismo, quando, na verdade, é um crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, geralmente relacionado à lavagem de dinheiro, organização criminosa e crimes fiscais. Mas, para esclarecimento, conforme mencionaram a palavra “rifa” sem o contexto necessário, apenas instituições sem fins lucrativos podem realizar rifas. Essas rifas devem ser realizadas para apoiar um dos objetivos sociais previstos em lei, como a promoção da cultura, da saúde e a preservação do meio ambiente. Isso é o que chamamos de rifa solidária. Em caso de dúvida, existe a autorização da SECAP (Secretaria de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria), órgão vinculado ao Ministério da Economia.

Explorar jogos de azar para obter lucro pessoal ou corporativo é crime, e essa deturpação tem o propósito malicioso de sugerir que supostamente é o não espírita que pratica tais ilicitudes.

Isso não é o que o espiritualismo ou espiritismo promove, ou incentiva. É uma verdadeira vergonha e um ato discriminatório explícito, que demonstra a falta de decência em explicar e oferecer clareza a quem busca soluções para suas dores, sofrimentos ou frutos de sua própria ignorância sobre o que é o espiritismo ou espiritualismo considerados sérios.

Até para ensinar, disciplinar e ser pedagógico, é necessária a decência da ética, acolhimento e respeito a todas as práticas, sejam elas espirituais ou não.

O espiritismo ou espiritualismo não precisam de defensores, precisam de verdadeiros homens e mulheres integrais com menos crenças que os limitam à essência humana e à sua natureza espiritual.

Universus Ramaatís

Marcus Cesar Ferreira – MCF:
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3 comentários em “ÉTICA, ACOLHIMENTO E RESPEITO: FUNDAMENTOS PARA ENSINAR, DISCIPLINAR E SER PEDAGÓGICO EM PRÁTICAS ESPIRITUAIS E NÃO ESPIRITUAIS”

  1. O farisaísmo ainda está presente nas almas humanas . Lastimável esse tipo de comportamento repleto de ignorância.

  2. Eloisa Tosi

    Eis o tempo que estamos vivendo, tudo sendo distorcido, manipulado pelas partes tendenciosas a confundir, a instaurar a incredulidade, gerando seres perdidos, fracos e robotinados. Nada como o conhecimento, estudar a origem e fontes dignas de informação, nos protegerão de sucumbirmos nesse marasmo de desinformações !

  3. Sonia Diniz Lima Moreira

    A falta de conhecimento torna as pessoas ignorantes, um mal que é muito acometido no século em que vivemos, as pessoas falam as coisas sem pensar nas consequências . Temos que trabalhar nossa moral , isso sim nos salva de muitas dores !

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