PROSTITUIÇÃO
Em face da vida espiritual, é indubitável ser a prostituição um mau comportamento espiritual na matéria. Mas, também, não pode ser julgada e analisada exclusivamente por um parâmetro único essa condição humana, qualificada como delito ou pecado respectivamente pela sociedade e pelas religiões. Perante as leis espirituais, a prostituição é tão somente mais uma condição que retarda a ascese espiritual do ser, pela demasiada vivência instintiva.
Os mentores do vosso orbe não classificam a prostituição na lista dos pecados, mas na classe patológica das doenças da alma! Toda alma doente é infeliz, porquanto na ignorância espiritual busca sua felicidade justamente nos processos primitivos que retardam a evolução libertadora.
CULPA COLETIVA
A negociação dos favores femininos é resultado do instinto primitivo e da hipocrisia humana e prende-se a uma culpa genérica de toda da humanidade. Direta e indiretamente, raros seres não contribuem mental, verbal e ativamente para a continuidade desse comércio fescenino, o qual é exercido às vezes pela necessidade de sobrevivência material ou por defeitos psíquicos, o que não isenta os seus exploradores da culpa respectiva.
O amor venal é velho tema da história terrícola, e não se constitui no pior crime do mundo. Sem dúvida, é um problema inquietante, mas não o pior entre os múltiplos problemas que afetam a humanidade. A pior chaga da civilização ainda nos parece a prática nefanda das guerras. Jamais uma prostituta fez tanto mal ao mundo quanto os puritanos religiosos que autorizaram e confeccionaram a bomba atômica e seu lançamento sobre Hiroshima, os armamentistas cuja mercadoria industrial é a destruição da própria carne humana, os monopolistas que centralizam até o leite, o pão e a medicação em suas mãos avaras.
NA RAIZ DE TUDO
O pretexto da ignominiosa prostituição da mulher, criada para a santificada função de “médium da vida”, não decorre exclusivamente de motivos econômicos. Infelizmente, há diversos fatores que contribuem para ela: a ignorância, inexperiência, desespero, frustração, abandono, difícil sobrevivência e mesmo tendência erótica; são produtos do maior crime cometido pelo homem – a falta de amor.
O homem terrícola ainda é um ser primário, transudando reações trogloditas à superfície do corpo. Continua o mesmo para as satisfações instintivas, malgrado disso resultem prejuízos e cicatrizes ao próximo. Quando ele reconhecer que a mulher é acima de tudo o espelho da irmã, esposa, filha e mãe, em vez de visualizar toda mulher como um objeto de prazer, e acima da cobiça e da lubricidade manifestar amor, a prostituição diminuirá.
REEDUCAÇÃO
A Lei não usa a mesma medida para todas as almas, assim como não existem doenças, mas doentes. Não existem pecados, mas pecadores! No código sideral, imprudências, indisciplina ou negligência pesam na balança da justiça, assim como os atenuantes pelo bem semeado, ou os motivos insuperáveis.
A mulher prostituída e que não o faz por índole devassa, desmazelo, e não se dá à exploração de um lupanar, tendo sido atirada à vida por força de circunstâncias insuperáveis para sua capacidade, recebe o amparo da própria lei. Em existência futura, são levados em consideração os seus dotes de bondade, humildade, resignação ou serviço ao próximo, para favorecer-lhe uma existência tranquila, como o ingresso numa comunidade religiosa, onde possa ativar os valores do espírito e eliminar pouco a pouco os fatores que contribuíram para a sua decadência anterior.
RAMATÍS
“Sob a Luz do Espiritismo”