O homem religioso, no Ocidente, evolui da fase “catálico-carola” para a de “catálico-tradicional”, e, posteriormente, “católico-sem-padre”. Gradativamente, ele faz restrições à infabilidade papal, aos ritos, dogmas, ao poder temporal e a hierarquia da igreja! Mas não chega a tais conclusões por força dos postulados de sua igreja, porém, em conseqüência da evolução natural do seu sentimento divino religioso, que sublima-se pela própria tensão centrífuga interior. Em princípio, as religiões acariciam os seus fiéis, mas depois os saturam e os induzem a libertarem-se da cômoda proteção maternal dos seus preceitos milenários, assim como as aves protegem os filhos até a envergadura de suas asas, e, depois, os empurram para fora dos ninhos, a fim de que vivam a sua própria existência! Enquanto o “catolico-carola” enfurece-se contra qualquer insinuação alheia e desairosa aos seus postulados simpáticos e infantis, o “católico-tradição” já reconhece a lógica de certos argumentos alheios, embora prossiga vinculado ao ambiente religioso que lhe é simpático e onde usufrui da amizade protetora dos demais adeptos. No entanto, o “católico-sem-padre” aceita qualquer argumentação progressista, técnica ou científica, que venha abalar os alicerces dogmáticos de sua crença, sendo capaz de testar ou experimentar os valores alheios insinuados.
Assim, quando esse tipo de católico transfere-se para o Espiritismo, ele apenas enquadra-se num ambiente que já lhe era eletivo, pois a sua natureza progressista e liberal o afastara da submissão aos dogmas e sacerdotes. O Espiritismo não produz espíritas, mas acolhe aqueles que já manifestavam em sua vivência religiosa algo da libertação espiritual ensinada pela doutrina de Kardec. Quem já vivia liberto de imposições sacerdotais, também possui o bom senso de considerar a vida espiritual além das fantasias humanas! Então os católicos, cujo sentimento religioso vibra acima da nomenclatura e fundamento litúrgico, desapegado de “tabus” e livre de dogmas, afinizam-se facilmente à mensagem espiritista, que s0brepõe acima da satisfação ilusória dos sentidos físicos os valores imperecíveis da alma!
Isso prova que não foi o “totem” que despertou o sentimento religioso no selvagem, mas o selvagem é que expressou-se por meio do “totem”!
Livro: A Vida Humana e o Espírito Imortal- Ramatis/Psicografado por Hercilio Maes