As estatísticas provam que a prodigalidade de religiões no mundo, como seitas repressivas, não diminui o crime nem a violência humana! Há incontável número
de ladrões cínicos, malfeitores perigosos e criminosos irresponsáveis, que usam no pescoço a medalha do santo predileto, ou a ele recorrem pedindo ajuda para os seus projetos censuráveis. A história do faroeste brasileiro revela diversos tipos de criminosos sertanejos, que se vangloriavam de agir sob o beneplácito de determinado santo. Alguns até lograram a proteção de sacerdotes de sua própria seita, como no caso do famigerado Lampião paraninfado pelo padre Cícero!
Mas é evidente que tais acontecimentos não podem causar qualquer constrangimento na época atual, pois os cruzados e os inquisidores também matavam os infiéis e os hereges estrugindo vivas ao Cristo! A verdade é que os bandidos pobres ou ricos, produtos da alta ou baixa sociedade, não frenam as suas paixões nem modificam o seu temperamento malfeitor, só porque frequentam templos religiosos e escutam ameaças de inferno ou “castigo” de Deus!
Muitos chegam a servir-se de sua própria organização religiosa, usando-a como cúpula das mais censuráveis atrocidades e abominações, tal como é o caso de certos papas e príncipes, reis e líderes, que não hesitavam em manchar o sagrado símbolo de sua religiosidade para conseguir triunfar nas suas empreitadas políticas.
Na época da Inquisição, haviam preceitos como este no “Corpus Juris Canônico”:
“Quando se massacra o ímpio, a graça de Cristo se espalha sobre a terra! Não julgamos que sejam homicidas aqueles que, ardendo de zelo pela sua Mãe, a Igreja Católica, contra os excomungados, massacrem alguns hereges!” Quando no massacre, em Béziers, foi perguntado, ao Monge Arnaud Amaury, como deviam agir os matadores, ante a dificuldade de se distinguir os “não-católicos” dos “católicos”, o santo homem assim ordenou: “Matai-os todos, Deus saberá quais são os seus!” Pouco importa se são católicos, budistas, muçulmanos, judeus, islamitas ou protestantes, pois os instintos humanos não se modificam nem são frenados pelos credos religiosos divisionistas, pois são frutos da ignorância da impiedade humana! As hordas sanguinárias de David massacravam os amonitas e moabitas, justificando a sua crueldade e abominação pela própria diferença religiosa de serem o povo eleito por Deus. 80 Ainda hoje, ocorrem acontecimentos trágicos no seio das organizações religiosas e praticados pelos seus próprios líderes, inclusive cenas de assassinato, que demonstram a atrofia do sentimento religioso, embora exista o culto às fórmulas do mundo.
Assim, o homem ajusta-se a determinado credo, pretendendo encontrar ali o meio adequado para expressar o seu sentimento religioso. Mas como os postulados religiosos são codificados por outros homens, talvez ainda mais ignorantes e fanáticos, os adeptos não encontram as soluções espirituais ali procuradas para viverem equilibrados no mundo profano.
Livro: A Vida Humana e o Espírito Imortal- Ramatis/Psicografado por Hercilio Maes