(Um Recado do Destapante)
Meu amigo, se disseram que morri, isso não é verdade!
Nunca estive tão vivo quanto agora.
A morte é uma balela, coisa que a gente tira de letra.
Mas quando eu estava na Terra, não sabia disso e me borrava todo.
Eu era como a maioria: só vivia e nem pensava muito sobre essas coisas.
Sabe como é, quando a gente desce na matéria fica meio lerdo mesmo.
Faz parte do jogo… e quem pensa diferente, logo é tachado de lunático.
Não foi o meu caso, infelizmente. Eu era “normal” e nem queria saber de nada.
Falar de vida e morte? Nem pensar! Para mim, isso era coisa de gente xarope…
Eu até avacalhei alguns amigos meus que queriam me levar numa sessão espírita.
Tirei o maior sarro do pessoal… até que me ferrei e saí do corpo de vez.
Fiquei na maior paúra, confuso mesmo, mas logo me dei conta do que rolara…
Eu tinha desencarnado mesmo! E estava vivo. E como não tinha jeito, me adaptei.
E rapidamente me lembrei das coisas reais, como espírito livre e consciente.
E hoje eu posso dizer: “morte é balela!” – Chato é ficar tapado na matéria.
E como hoje foi o dia de finados, eu vim aqui pontificar a “vida além da vida”…
Eu não sou sábio espiritual e nem nada do gênero. O meu jeitão é esse mesmo!
Estou vivo, como sempre. E não gosto de ver gente chorando e desnorteada.
E hoje foi feroz! O que eu vi de gente se derretendo nos cemitérios…
Até fiquei com vontade gritar com elas, mas sabia que de nada adiantaria.
Então, deixei para lá… mas confesso que fiquei meio acabrunhado.
E foi aí que você entrou na parada, pois eu percebi que poderia dar o meu recado.
Por isso, estou aqui, para dizer e repetir o meu bordão: “morte é balela!”
Aí na Terra, têm um monte de tapados (como eu era antes), e nem vão ligar…
Mas também têm um monte de gente boa e de mente aberta, que pensa e sente.
Gente melhor do que eu, com certeza, pois estão na matéria e não ficaram lerdos.
E eles vão entender a minha intenção nesse dia que foi tão triste e ilusório.
Se “morte é balela!”, então, o dia de finados é o que? Que coisa estranha, hein?
Eu não quero ofender a ninguém, mas estou vivo e não moro em cemitério algum.
Não têm nenhuma lápide em cima de mim e nem minhoca ou toupeira cavando.
E todos os espíritos que vejo também são assim: vivões da silva!
E é em nome de todos eles que eu digo novamente: “morte é balela!”
P.S.:
Se aí na Terra eu era tapado, a morte me destapou e me jogou nas estrelas.
Fui ejetado para cima, ainda bem! Destapei, na boa.
E hoje eu sei do valor da vida na matéria, por tudo que aprendi.
Mas, graças a Deus, hoje eu estou “destapado”.
O dia de finados é irritante.
Prefiro o meu mantra: “morte é balela!”
(Obrigado por passar o meu recado “destapante”.)
– Me chame de Zé ou João, tanto faz, eu sou mesmo é Vivão da Silva –
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – São Paulo, 02 de novembro de 2015.)