(Extraído do livro Mensagem foi Astral pelo Espírito Ramatís, psicografia de Hercílio Maes)
PERGUNTA: — Poderíamos conhecer qualquer afirmação do Apocalipse que nos possa induzir a maior certeza de que haverá uma prostituição de costumes entre os poderes máximos, e quais são esses poderes? A maioria das interpretações sobre a Besta Apocalíptica varia conforme a religião ou a índole psicológica dos interpretadores. Os católicos coligiram dados para provar que a Besta é a Reforma do século XVI; os protestantes e diversos espiritualistas costumam relacioná-la com o Clero Católico-Romano. Investigadores mais decididos, dando buscas na numerosofia, encontram o número da Besta nos títulos do Papa! Que nos dizeis a esse respeito?
RAMATÍS: — Não vos esqueçais de que o simbolismo da Besta alicerça-se exclusivamente no instinto humano desregrado, que pode manifestar-se em qualquer latitude geográfica “do mundo ou setor de trabalho religioso, filosófico, científico ou social. Seria injustiça atribuir a relação desse simbolismo exclusivamente para com o Clero Católico-Romano, que é um agrupamento isolado no vosso mundo, significando apenas um conjunto religioso, que não constitui uma maioria nem um predomínio no mundo terreno.
A Besta que se fazia adorar representa a parte má de toda classe de sacerdotes, ministros, adeptos, mestres ou instrutores de todos os credos, doutrinas e religiões da vossa humanidade. Há, portanto, que incluir nessa parte má todos os maus clérigos da Igreja Católica, da Budista, da Muçulmânica, da Taoísta, da Israelita, da Induísta, da Reformada, mais os responsáveis por milhares de outras doutrinas, seitas e movimentos espiritualistas ou fraternistas, que hajam corrompido os seus ministérios elevados. Cumpre incluir também as instituições que são erigidas para o bem humano, mas que os homens dirigem de modo satanizado ou bestial.
Atribuir a uma entidade religiosa, constituída para o serviço crístico, a responsabilidade total pelos atos de alguns de seus agentes desonestos, seria o mesmo que considerar a existência do vinho falso como crime cometido por todos os estabelecimentos que fabricam o vinho bom!
É preciso não olvidar as condições em que João Evangelista escreveu o Apocalipse. Ele não afirma ter visto ou presenciado pessoalmente as cenas descritas, mas declara que foi arrebatado em espírito para, quando voltasse a si, escrever em um livro a visão que tivera. Isto acarretou-lhe imensa dificuldade para relatar depois a visão, em estado de vigília, do que teriam decorrido certas confusões nos símbolos percebidos. No entanto, a despeito dessas dificuldades, ele deixou claro que a Besta sempre estende a sua ação às esferas diretoras das principais instituições responsáveis pelos destinos humanos, procurando conduzi-las à invigi-lância crística.
As alegorias apocalípticas devem ser encaradas sempre em relação aos movimentos de maior importância no vosso mundo, porque são revelação de ordem geral e coletiva, do que se deduz que o desregramento imperará com mais facilidade no meio dessas instituições ou esferas de comando da vida no vosso orbe. Cabe a vós descobrirdes inteligentemente aquilo que se ajuste aos conjuntos que o profeta não pôde individualizar com bastante clareza.
Para o vosso entendimento espiritual, a Política, a Ciência e a Religião estão claramente definidas no enunciado no capítulo XV — 13 e 14, onde se diz: “E eu vi saírem da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta, três espíritos imundos semelhantes às rãs; estes são uns espíritos de demónios, que fazem prodígios, e que vão aos reis de toda a Terra, para os ajuntar à batalha no grande dia do Deus Todo Poderoso”.
A Besta, representativa da astúcia dá-nos ideia da Política; o dragão, em discordância com a mulher que tinha uma coroa de doze estrelas na cabeça, dá-nos ideia da Ciência em desacordo com a Religião, devido ao seu positivismo; o Falso Profeta, que assume a responsabilidade de anunciar a Verdade, usando ardilosamente a insígnia dos homens santos, dá-nos ideia da Religião, representada pela parte do clero desabusado, sensual e mistificador, de qualquer religião, quando industrializa e trai o pensamento básico de seus inspiradores, seja o de Jesus, seja o de Buda ou de Maomé!
São os que colocam a Verdade, adornada de ouro e de pedrarias preciosas, nos templos gélidos, cercados de famintos e desnudos.
O Dragão, a Besta e o Falso Profeta soltam de suas bocas três espíritos imundos; espíritos de demónios, que fazem prodígios e que vão aos reis de toda a Terra. Aqui, para nós, o profeta reúne em seu enunciado três instituições de poderes e prestígio consideráveis, no vosso mundo: Política, Ciência e Religião que, desavisados, podem produzir em seu seio os agentes subvertidos da malignidade, da corrupção e da hipocrisia e que, para a humanidade ignara, operam prodígios! A Política consegue colocar nos postos administrativos do mundo um agrupamento de homens desregrados, especialistas no furto patrimonial e exclusivamente à cata da fortuna fácil; a Ciência, anticrística, desgasta os seus génios para atender à corrida infernal em favor das guerras fratricidas, na fabricação da metralha assassina e das bombas desintegrado-ras; a Religião, através de uma parte de seus sacerdotes, ministros ou doutrinadores, transforma-se em mercado, negociando à semelhança dos fabricantes de panaceias curativas!
João Evangelista refere-se, também, às instituições de influência geral no mundo, que, para sobreviverem a contento de seus apaniguados, muitas vezes se rebaixam para servir aos poderosos, aos interesseiros e aos reis do mundo.
O apóstolo diz textualmente: “Eles vão aos reis de toda a Terra, para os ajuntar à grande batalha do grande dia do Deus Todo Poderoso”, isto é, tornam-se servis e se comprometem a praticar ações menos dignas, desde que esses detentores do poder lhes garantam a existência confortável no comando das massas e dos tolos! Basta um punhado desses homens abomináveis em cada um desses conjuntos, para que fique tisnado o caráter digno de uma instituição organizada para o bem humano. Na Política, buscam os votos do eleitorado e depois dilapidam o património público; na Ciência, empregam a celebração genial no desenvolvimento da indústria bélica para a destruição em massa; na Religião, a esperança do céu é vendida a título de mercadoria imponderável!
No Apocalipse, os agentes nefastos da Política, da Ciência e da Religião são apresentados sob a alegoria de três espíritos imundos semelhantes às rãs, porque esses homens abomináveis se parecem com os réptis asquerosos, do charco, visto que, devido à pele escorregadia que lhes dá a proteção desonesta, escorregam e escapam das mãos da Justiça!