AVES E ANIMAIS DO ASTRAL INFERIOR

AVES ASSUSTADORAS

Um dos tipos de aves que muito me impressionou no Astral inóspito é bem semelhante ao corvo europeu, com a plumagem parecida à terra preta umedecida; emite gritos de tal estridência que fazem pensar num malho de ferro a bater em trilhos de aço. São gritos selvagens e penetrantes, como centuplicando o grito da araponga, ou o pio da gralha elevado a altíssimo potencial.
Além dessa ave de aspecto tenebroso, que lobriguei em grandes bandos no Astral inferior adjacente ao Brasil, também tenho observado, embora raramente, um outro tipo de ave de pernas longas, tipo de cegonha, de longo bico recurvado e classificado nos compêndios terrestres como “íbis”. A diferença principal entre a íbis sagrada dos egípcios e esse tipo do Astral está em que a ave das margens do Nilo, que conheci, era branquíssima de plumagem, enquanto a espécie astralina é de configuração gigantesca, brutal e completamente negra, com o bico de um pardo brilhante, e seu planar lembra claramente o vampiro das lendas. Quando essa ave fende o ar, há um murmúrio tétrico nos galhos das árvores e os insetos e animais pequeninos se movem apressados para se ocultar nas furnas e grotões.

ANIMAIS

Nas regiões subcrostais, o tipo de animal que mais me chamou a atenção foi um tipo de cabra montesa, cujas pernas dianteiras são mais curtas que as traseiras, e possui cornos longos, muito fortes e curvados para trás.
Vi esses animais em pequenos grupos, com um aspecto terrivelmente ameaçador, e havia até fulgores diabólicos e sinistros nos seus olhos escuríssimos. Eram monstruosos, peludos, de cor sépia, e compridas barbas que lhes caíam queixo abaixo. Exalam um odor sufocante, que repugna e enjoa, e uma aura repulsiva. Diante desses caprinos horríveis, senti no organismo a impressão de brutal cinismo e deboche. Informaram-nos os mentores da nossa metrópole que a degradação máximo do sexo sempre favorece a estereotipação, nas criaturas, de estigmas muito semelhantes aos daqueles caprinos.
Certa vez foi-me dado encontrar esses repelentes caprinos aglomerados exatamente nos lugares e zonas astrais do vosso país onde mais praticam as orgias lúbricas, as festividades licenciosas e se alimentam os vícios que mais deprimem a conduta sexual, pois sua alimentação preferida é baseada nas emanações psíquicas da luxúria e da perversão das funções criadoras.
As espécies da fauna do Astral inferior sempre se conservam nas regiões ou zonas em que e depositam as substâncias mentais perniciosas de sua preferência nutritiva.

A FUNÇÃO DESSA FAUNA ASTRALINA

Essas espécies gigantescas, que voejam sinistramente entre a vegetação do Astral inferior, cumprem a tétrica tarefa de “transformadores vivos” de energias deletérias do meio tão nocivo.
Aquilo que os espíritos do Senhor teriam que executar sob o mais lúgubre e heroico sacrifício, essas monstruosas aves e outros tipos de animais extravagantes executam a contento, deglutindo todas as formas de elementos perigosos e daninhos que se produzem nas mentes enfermas e diabólicas.
No mundo físico, a minhoca o sapo, e principalmente o urubu são valiosos cooperadores da lavoura; destroem as substâncias corrompidas, saneando o ambiente da vida humana.
O Astral inferior é um vasto reservatório de detritos mentais criados pela invigilância da humanidade encarnada, em perigosa simbiose com os gênios das trevas. Graças às aves e aos monstros que vivem nessa tormentosa moradia, essas criações mentais nocivas são incessantemente devoradas, torando-se possível, então, manter o equilíbrio da vida astralina e física.

AS APARÊNCIAS ENGANAM

De princípio, estremeci, surpreso, diante desses monstros, cujo voo vampiresco aterraria o homem mais corajoso. Indaguei de mim mesmo o motivo da existência dessas aves, e a razão de suas horríveis formas
Ainda ignorava sua benéfica função de gigantescos transformadores da vida nociva inferior quando dão sumiço ao lixo e às criações delituosas que provêm do caos das paixões desenfreadas da maior parte da humanidade.
Essas aves devoram e transformam, nos fornos crematórios de seus avultados estômagos, as larvas os elementais, rebotalhos e combustíveis repelentes que se produzem por efeito da projeção desregrada da mente humana, na substância astral.

“ALIMENTO” ESPECÍFICO

A sabedoria do Criador mantém o equilíbrio da vida por meios das próprias formas. Enquanto o beija-flor suga o néctar das flores o urubu faminto se serve da carniça e se torna o sanitarista do ambiente. Os seres dantescos do Astral também variam em suas preferência nutritiva pelas formas deletérias que se produzem pelo pensamento e paixões desregrados dos homens.
Enquanto o apetite de certas aves do Astral se satisfaz com substâncias de um tom pardo, terroso e com viscos arroxeados produzidas pela cobiça, ciúme ou cupidez, outras preferem alimentar-se com rebotalhos repugnantes de formas negras interceptadas de fulgores chispantes, que se criam pelas expressões do ódio, da cólera e da irascibilidade dos encarnados (2).
Mais tarde também notei um tipo alado, muito parecido ao urubu-rei terrestre, de cabeça calva e aspecto chocante e que, depois de sua mórbida refeição, se entregava a um mover febril das asas, quedando-se depois na atitude de ave enferma. Quando posteriormente estudava as aves do Astral inferior, me informaram que aquele tipo de ave lerda, de olhar fixo e enfermo, só devora as formas mentais produzidas pelas almas encarnadas ou desencarnadas que também são enfermas, melancólicas e desesperançadas, principalmente as que nutrem ideias de suicídio.

(2) Vide a obra “Formas de Pensamento”, de C.Leadbeater, Ed. do Conhecimento.

TUDO SE TRANSFORMA PARA O BEM

Naquelas furnas e grotões do Astral inferior, diante das expressões mais horripilantes, a mãe Terra age em favor da mais breve angelitude de seus próprios filhos. Servindo-se daqueles repulsivos “transformadores vivos”, os faz operarem sob o controle da lei benfeitora, para higienizar o meio e impedir o desenvolvimento das formas perniciosas e ofensivas aos seus próprios criadores humanos.

Atanagildo/Ramatís
“A Vida Além da Sepultura”
Mèdium: Hercílio Maes